Aqui você vai encontrar algumas experiências sobre a vida, sobre a relação entre homem e mulher e discussões sobre esta relação.

sexta-feira, setembro 18, 2009

Dando espaço ao novo

Guardamos coisas por anos a fio sem sentido aparente. Não usei aquela placa de Fax-modem que tenho guardada certamente nenhuma vez nos últimos 3 ou 4 anos.

Mas mesmo assim, colocá-la junto com os objetos destinado à doação foi uma sensação estranha.

Enquanto limpava o armário e separava coisas que estava decidido a por de lado para sempre, e isso conscientemente falando, claro, afinal de contas elas já estavam de lado há anos e várias delas nem me lembrava mais que as ainda tinha, uma coragem foi se apoderando e tomando controle da situação.

Quando me dei conta estava bravamente atirando em um saco preto (isso mesmo, daqueles para lixo) um sem número de frutos da tecnologia que agora são obsoletos, pelo menos para os meus padrões de consumo de hoje.

Abri espaço para o novo. Foram-se fitas cassete, disquetes, placas Fax-modem, e até coisas com nomes outrora pomposos como:

  • · Placa de som Sound Blaster SB16 com um piggyback card para Wavetable Sintesys;
  • · Placa de som Genius com som Dolby Digital 5.1
  • · Placa de vídeo Voodoo 3 com decodificação de DVD por hardware;
  • · Decodificador Hollywood + para DVD

Também se foram outras tantas coisas que nem sei mais por que as havia guardado. Provavelmente pensava em uma eventualidade que nunca aconteceu. Espero que a entidade que receber estas coisas (junto com uns 500 disquetes) faça com proveito.

500 disquetes de 1.44MB cada. Isso dá 720 MB. Ou pouco mais que um CD-ROM. Mas também cabe confortavelmente em um dos 3 pendrive que tenho na mala ou em um canto de um cartão SD dos que uso em minha Palm.

O próximo passo foi pelo guarda-roupas, e não foi menos diferente, mas aí fica para uma outra história.

Viva o novo !

Mas, porque fazemos algumas coisas?

Pode ser por sermos todos estúpidos em maior ou menor grau.

Mas a alternativa de sermos comodistas (nos mantermos como estamos) deve ser considerada lado a lado com a possibilidade de sermos medrosos.

Depois de anos e anos pensando no tema, eu sei que meu problema principal é o medo, principalmente no que se refere ao novo.

O novo é uma ameaça: Nos obriga a pensar.

Nos força a querer. Nos dá vontade de deixar de querer.

Em dias de limpeza, onde vamos deixar espaço para o novo se instalar na esperança que logo logo ele se torne familiar e deixe de ser “novo” podemos inclusive encontrar com velharias que podem nos remeter novamente a emoções que nem lembrava-mos mais que as tínhamos.

Eu encontrei durante a limpeza um conjunto de memórias da primeira vez que esquiei.

Que lembranças fantásticas se escondiam naqueles trastes: Mapa de um resort no Colorado (Keystone), um par de chaves da porta do meu quarto, o ticket do teleférico que nos levava montanha acima, meu certificado de esquiador classe 2...

Gostaria que limpar a cabeça das pessoas fosse tão fácil como abrir um saco de lixo no canto do quarto e começar a atirar ali as velharias e obsoletices conforme as vamos tirando do armário.

Isso teria me poupado um longuíssimo, para dizer pouco, interrogatório sobre os meus últimos quatro anos de vida.

Porque damos tantas satisfações sobre o que fazemos, deixamos de fazer, fizemos, temos vontade fazer, etc, aos outros ?

Em bom Inglês bastaria dizer “it is none of your business, thank you”.

Em mal português: Não é da sua conta e além disso não me interessa.

Infelizmente, isso nunca basta, em qualquer idioma. Este fim de semana ouvi tantas coisas que não queria... Nenhum momento realmente relax, daqueles que você até olha em volta para saber o que está acontecendo, de tão saciado de você mesmo que está.

Aiai...




Na quarta-feira matei a saudade de conversar com alguns amigos. Falei um tanto, ouvi outro tanto, bebemos, comemos, compartilhamos alguns momentos juntos.

Isso é o melhor dos amigos: Estão lá para nos ajudar a nos sentirmos vivos e parte de algo. E quando não são mais necessários se vão e deixam a sensação gostosa de que estarão por perto da próxima vez.

Já com família não tem muito jeito. Dizer que está tarde e precisa ir embora não é uma opção. Esperar que saia para ir ao banheiro para então fazer algo sem constrangimentos no máximo se resume a fazer sons com seu corpo dos quais você mesmo se envergonha.

Quero muito experimentar coisas novas, mas enquanto o medo me dominar para algumas delas vou vivendo em banho-maria, sem passar dos 100º C.

Enquanto isso os Powerpoints de auto-ajuda e as revistas vão publicando matérias que me convidam a cada parágrafo a cortar os pulsos por estar cozinhando lentamente uma vida.

Ainda bem que sou medroso, mas também me esqueço às vezes disso.

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial